Intervalo da luz
A madrugada sempre chega escura e silenciosa,
Ela insiste em invadir o meu quarto, vagarosa
E se apodera também do meu coração.
Junto com ela, sempre a sua companhia: Atrevido ser.
- Porque vens tirar o meu sono?
A noite se torna penosa
E os ponteiros do relógio parecem não andar.
- O tempo estagnou.
E você chegou tão de repente
Invadindo a minha mente sem autorização.
Eu rolo na cama
E o vazio silencioso e escuro
Parece uma extensão visível de meu corpo.
Me sinto parte do nada,
Como se eu não existisse.
Nesse antro cinzento nada se move,
A não ser um ponto avermelhado
Que segue até minha boca ressecada e amarga:
O único parceiro a quem me agarro...
-Meu “querido” cigarro.
O silêncio me incomoda
E torço para o sol amanhecer,
Com ele possa vir meu sono,
Dormindo sei que irei sonhar,
Sonhando tenho mais prazer.
Mas, enquanto ele não vem eu me maltrato,
Pois a madrugada não é fria
Ela é quente, é sufocante, é sombria.
Ela até pode enlouquecer.
Juro, me conformaria
Se cresse que fosse acabar,
Mas são tantas noites, horas, madrugadas,
É tanto nada!
Não sei se posso suportar.