Intervalo da luz

A madrugada sempre chega escura e silenciosa,

Ela insiste em invadir o meu quarto, vagarosa

E se apodera também do meu coração.

Junto com ela, sempre a sua companhia: Atrevido ser.

- Porque vens tirar o meu sono?

A noite se torna penosa

E os ponteiros do relógio parecem não andar.

- O tempo estagnou.

E você chegou tão de repente

Invadindo a minha mente sem autorização.

Eu rolo na cama

E o vazio silencioso e escuro

Parece uma extensão visível de meu corpo.

Me sinto parte do nada,

Como se eu não existisse.

Nesse antro cinzento nada se move,

A não ser um ponto avermelhado

Que segue até minha boca ressecada e amarga:

O único parceiro a quem me agarro...

-Meu “querido” cigarro.

O silêncio me incomoda

E torço para o sol amanhecer,

Com ele possa vir meu sono,

Dormindo sei que irei sonhar,

Sonhando tenho mais prazer.

Mas, enquanto ele não vem eu me maltrato,

Pois a madrugada não é fria

Ela é quente, é sufocante, é sombria.

Ela até pode enlouquecer.

Juro, me conformaria

Se cresse que fosse acabar,

Mas são tantas noites, horas, madrugadas,

É tanto nada!

Não sei se posso suportar.

Júlio Amorim
Enviado por Júlio Amorim em 05/09/2013
Código do texto: T4468635
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