Silêncio total
Sem palavras
Sem gemidos
Sem voz
Só ventos e as ondas do mar.
Indo e vindo.
Indo ao infinito.
Voltando ao finito.
Mil mensagens telepáticas
navegam...
Morreram a mentira, a falsidade e a ilusão.
Morreram a poesia, o lirismo e a paixão.
Todos os sentimentos do mundo
imediatos, diretos e instantâneos.
Transparentes.
Absolutamente visíveis e
Por vezes risíveis.
A solidão do ser...
Encravada no tempo,
No degrau da escada,
Na prateleira da estante...
Empilhada com outros sentimentos
Que por existirem mesclam-se
libidinosamente diante nossas vistas.
A morte da palavra é celebrada
Com um taça de rancor e inveja...
Licor de menta
A arder na memória
a prosa, a rima,
os contos e lendas inverossímeis
A glorificar as aparências e
a ornar essências de aparato
dispensável.
Tarde demais.
Morreram as palavras...
Dicionários incendiados em praça pública.
E o romance feneceu
Por excesso de verdade ou
Por falta de esperança.
Silêncio total.
Nem nossas almas ousam
pronunciar-se.