fio a fio
fio a fio
minhas palavras não dizem muito,
mas persigo-as inapelavelmente
porque traduzem, de vez em quando,
alguma coisa que sinto
elas não dizem tanto
muitas vezes eu minto
ou me amparo em meu pranto
ou, alegre, não pressinto
que elas vão me acometer
de um rubor que desconfio,
mas construo, fio a fio,
um tecido muito igual
ao que predomina em mim
cada vez que me ausento
e com elas me apresento...
Rio, 23/11/2010
Aluízio Rezende