sem inspiração
enquanto a mesa é o pai
sustentando o papel
companheira da caneta
eu, poeta de versos desinspirados
no silêncio do acaso
ando a passear faltas de palavras
como se estivesse a demorar-se
em estado de domingo.
talvez não existisse
essa sede do nada
e simplesmente
dissesse adeus a mim
e a folga da caneta
do papel tatuado em letras desamparadas.