Para onde vamos?

Para onde vão nossas palavras quando a tinta da caneta seca?

Parece que nossas memórias vagam perdidas em um labirinto sem fim,

poesias e prosas tornam-se lagos rasos de sentido,

enquanto uma banda toca músicas desafinadas para nenhum público,

caminho solitário entre gravetos e pedras de uma longa estrada..

Para onde vão nossos sonhos quando a insônia não nos abandona?

Parece que a noite torna-se uma lâmpada permanentemente acesa,

lua e estrelas somem em um grande buraco negro,

enquanto uma garoa fina cai sobre telhados cheios de buracos,

cada goteira enxarcando minha vida já tão afogada...

Para onde vão nossas esperanças quando a fé nos renega?

Parece uma vela que se apaga em meio à um blackout eterno,

interruptores desfazem-se em paredes de concreto gelado,

enquanto uma coruja observa de uma árvore a sala desolada,

com meu coração transbordando uma tristeza de horizontes partidos...

Para onde vamos nesse sinuoso formato de dias vazios?

Parece que o destino resolveu jogar dados com nossos sentimentos,

azar ou sorte se misturam em uma grande derrota,

enquanto a roleta continua girando no Cassino das insanidades,

alimento de cada lágrima derramada por ninguém todos os dias...