SOLIDARIEDADE SEDENTÁRIA
Filho do orgulho, o egoísmo
É um viver solitário, ao relento;
Cavador do seu próprio abismo,
É um beijo árido, sem sentimento!
Amante de si mesmo,
Tem o olhar voltado para dentro;
Nada enxerga fora dos seus limites,
Fora dos litorais do seu continente!
O egoísmo é um entorpecente,
Um ópio para o espírito,
Compositor de guerras, chacinas...
Estorvo para a sociedade!
É uma flor negra, assassina...
Mensageira inodora da desigualdade,
Espada opressora da escravidão!
O egoísmo é um sentimento sombrio,
Uma chuva de granizo,
Um vento impetuoso;
É rejeição, é abandono...
É deserto, é vazio...
É uma escassez de luz no sorriso,
Um vestígio de calor humano!
O egoísmo é um outono impiedoso,
As árvores perdem as folhas,
As folhas perdem o verde,
O verde perde a esperança,
A esperança perde as forças!
O egoísmo é um carrasco que habita
No império da noite mortuária,
Um amor que não se exercita,
Uma solidariedade sedentária;
Vive entre as sombras da escuridão,
E morre no leito frio da amargura;
É uma ponte larga e segura
Para o vício da solidão!