das minhas saudades...
Saudades das saudades tuas...
Das tuas promessas de zelos
E pedacinhos de lágrimas nossas...
Que choviam juntas
E atravessavam todas as minhas noites.
E orvalhavam o parapeito da minha janela,
Dos meus sonhos todos.
Da minha insônia...
Do meu estado de ser só de ti.
Saudades das saudades tuas...
Das promessas que fizemos
E nem sequer consigo aproximar-me.
Morro e vivo ainda mais em teu amor.
Pois que tu és eu mesma...
E eu?... Sou a que esborra o copo.
E derrama tudo e transbordo amores.
Sou sem modos...
E fala apenas sobre ti o meu olhar.
Saudades das saudades tuas...
Que vêm e que vão comigo quase intocáveis.
Mobílias que nem arrastamos do lugar
E não conseguimos arejar a nossa casa.
E não consigo vencê-las!
E de tanto amar-te...
Contento-me com segundinhos da contemplação tua:
Da tua imagem que apenas passa por mim...
Sem pousar. Sem emperar-me.
E sinto vergonha de mim...
Por ser tão desastrada em meu amor.
Mas que não há na terra amor maior que o meu...
Mas que não há, no céu, anjo mais lindo do que tu...
Mas que não há uma caixinha sequer
Mais perfumada do que a que eu trago comigo.
Do perfume teu que eu guardei de ti,
Da ventania que fez e que faz sempre...
Quando apenas passas por mim.
As minhas saudades...
Têm a cor cinza dos invernos meus.
Karla Mello
08 de Agosto de 2013