Tempo inexistente

Existe um tempo que não se espera mais nada

A reflexão é um mero espelho inútil de águas paradas

Existe um tempo que a mão não afaga,

E os olhos não enxergam,

E a boca tenta alcançar o que é mínimo

Mas é vivo que é a palavra

O que será do tempo?

O que será da vida?

Envelhecerá a palavra?

Desaparecerão os sons?

Enlouquecerão os fonemas

numa orquestra desafinada

E todos os cães uivarão chamando a morte?

A certeza dessas incertezas

É a coisa mais acalantadora que existe.

É a ponte sobre o cais.

É o arco-íris sobre o horizonte

Perdido por entre nuvens cegas.

A nos revelar a medida que é o tempo.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/04/2007
Código do texto: T441149
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