Tempo inexistente
Existe um tempo que não se espera mais nada
A reflexão é um mero espelho inútil de águas paradas
Existe um tempo que a mão não afaga,
E os olhos não enxergam,
E a boca tenta alcançar o que é mínimo
Mas é vivo que é a palavra
O que será do tempo?
O que será da vida?
Envelhecerá a palavra?
Desaparecerão os sons?
Enlouquecerão os fonemas
numa orquestra desafinada
E todos os cães uivarão chamando a morte?
A certeza dessas incertezas
É a coisa mais acalantadora que existe.
É a ponte sobre o cais.
É o arco-íris sobre o horizonte
Perdido por entre nuvens cegas.
A nos revelar a medida que é o tempo.