Tédio de Domingo

Tua casa, teu inferno.

Quem sabe se existe amor?

Do outro lado do rio existe um sorriso lindo esperando por mim

E teus olhos serão minha verdade

Teu corpo, meu refúgio.

Por que quero EXISTIR mais do que preciso SER?

Estou correndo contra o tempo

Já não existe mais admiração

Então morremos um para o outro

Sou teu mal, teu remédio, teu deus, teu vinho

Estou aborrecido com tudo

Por isso voltei pra minha rota

E atravessei o rio sem molhar os cabelos

Estou me sentindo outra pessoa agora

Bendito Tédio de Domingo

Quero acordar depois das dez

Ninguém sabe o que poderia acontecer

Se a lua fosse o olho de um tigre

Um furacão jogou nossa confiança na lama

Perdemos as palavras adequadas

Caímos num abismo de uma cama

E a corda do socorro é a mesma que usamos para nos enforcar

Que saída há para o tédio? E para dor – de existir – de amar – de querer.

A ilusão da vida é achar que seremos felizes

Ainda que haja um momento de paz – tudo continua depois da mesma forma que antes.

O cheiro, o contato, o desejo

O corpo, o calor, a espada

A boca, a saliva, o seio virgem

O rosto, o gosto, o pecado

A amizade, a presença, o colorido

O sol ilumina a água fria do rio que banha a alma dos velhos!

David dos Santos
Enviado por David dos Santos em 28/07/2013
Código do texto: T4409125
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