Tédio de Domingo
Tua casa, teu inferno.
Quem sabe se existe amor?
Do outro lado do rio existe um sorriso lindo esperando por mim
E teus olhos serão minha verdade
Teu corpo, meu refúgio.
Por que quero EXISTIR mais do que preciso SER?
Estou correndo contra o tempo
Já não existe mais admiração
Então morremos um para o outro
Sou teu mal, teu remédio, teu deus, teu vinho
Estou aborrecido com tudo
Por isso voltei pra minha rota
E atravessei o rio sem molhar os cabelos
Estou me sentindo outra pessoa agora
Bendito Tédio de Domingo
Quero acordar depois das dez
Ninguém sabe o que poderia acontecer
Se a lua fosse o olho de um tigre
Um furacão jogou nossa confiança na lama
Perdemos as palavras adequadas
Caímos num abismo de uma cama
E a corda do socorro é a mesma que usamos para nos enforcar
Que saída há para o tédio? E para dor – de existir – de amar – de querer.
A ilusão da vida é achar que seremos felizes
Ainda que haja um momento de paz – tudo continua depois da mesma forma que antes.
O cheiro, o contato, o desejo
O corpo, o calor, a espada
A boca, a saliva, o seio virgem
O rosto, o gosto, o pecado
A amizade, a presença, o colorido
O sol ilumina a água fria do rio que banha a alma dos velhos!