Canção dos Aflitos
Minha sombra tão escura,
Um dia preso, um dia livre,
Às vezes bebo água, outras verto sangue,
Momentos em que me elevo em sonhos,
Outros em que sem esperança me mantenho ao chão.
Lá fora é primavera, as flores se abrem abraçando o sol,
Aqui dentro é inverno, deserto de gelo,
No intelecto ártico do ser, arde um coração tropical,
Que solidão é essa que ao condenado faz companhia?
Que sensação é essa que não permite mais sentir?
O violino chora a canção dos aflitos,
A lua cheia que lembrava o romantismo, hoje minguou,
No infinito milhões de estrelas me remetem a solidão,
Nas ruas multidões de pessoas, umas com rumo, outras perdidas,
Esta vida está além de mim como um rio que se vai.
Não fico preocupado quando cai a noite,
Pois bem sei que não tenho quem esperar,
A porta sei que inesperadamente não irá se abrir...
Se minhas lágrimas fossem de diamantes,
Riquezas eu acumularia...
Quem procura, não acha e se fere,
Trancar-se é aceitar que perdeu,
Vou elevar ao céu o coração cansado,
Em um querer sentir amor que guerra me traz,
E nesta tormenta, meio frio, meio calor, sou punido sem amor.
Minha sombra tão escura,
Um dia preso, um dia livre,
Na verdade mesmo ferido,
Insisto em olhar a porta achando que alguém a abrirá,
E essa esperança que desde sempre me ilude, ainda me faz acreditar.