Sonhos Perdidos
Sentado numa poltrona medieval
O senhor dos destinos aprecia minha desgraça
Do alto dos pilares erguidos pela intolerância,
Seio de uma sociedade que se diz moderna
Ponho-me a ponderar quão letal se mostra minha queda
Um moderado pesar de incalculável insensatez
É apenas minha vida que se esvai
É apenas você que estou perdendo
Eu arrasto tiras sepulcrais
Ocultando o horror de incuráveis feridas
Guardando em negros e profundos abismos
A tristeza estampada em minha face
Em alguns momentos, nada mais nos resta além de nossas lágrimas
Derramando no vazio a frustração de anseios não atendidos
Deixados à deriva em oceanos de sonhos despedaçados
Na trilha dos árduos caminhos que a vida impõe
Não costumo acreditar em predestinação
E todas as rosas têm espinhos quando se está preso no jardim
Vemo-nos obrigados a abraçar a dura realidade desse mundo
E percebemos estar morando bem próximo à porta do inferno
Poucos conhecem a sensação de estar diante do paraíso
Mas para mim é suficiente a lembrança
De quando abriram-se as portas de seu coração
É apenas a minha vida que se foi
É apenas você que perdi
E como são longas e frias as noites longe de você!
Agora, ando pelo subterrâneo
Mas quando as sombras engolem o dia
Meus olhos espreitam a superfície de seu mundo
Por entre frestas de luz