Sonhos Perdidos

Sentado numa poltrona medieval

O senhor dos destinos aprecia minha desgraça

Do alto dos pilares erguidos pela intolerância,

Seio de uma sociedade que se diz moderna

Ponho-me a ponderar quão letal se mostra minha queda

Um moderado pesar de incalculável insensatez

É apenas minha vida que se esvai

É apenas você que estou perdendo

Eu arrasto tiras sepulcrais

Ocultando o horror de incuráveis feridas

Guardando em negros e profundos abismos

A tristeza estampada em minha face

Em alguns momentos, nada mais nos resta além de nossas lágrimas

Derramando no vazio a frustração de anseios não atendidos

Deixados à deriva em oceanos de sonhos despedaçados

Na trilha dos árduos caminhos que a vida impõe

Não costumo acreditar em predestinação

E todas as rosas têm espinhos quando se está preso no jardim

Vemo-nos obrigados a abraçar a dura realidade desse mundo

E percebemos estar morando bem próximo à porta do inferno

Poucos conhecem a sensação de estar diante do paraíso

Mas para mim é suficiente a lembrança

De quando abriram-se as portas de seu coração

É apenas a minha vida que se foi

É apenas você que perdi

E como são longas e frias as noites longe de você!

Agora, ando pelo subterrâneo

Mas quando as sombras engolem o dia

Meus olhos espreitam a superfície de seu mundo

Por entre frestas de luz

Isaque
Enviado por Isaque em 06/04/2007
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