Eu seria outro

Foi por tudo que ocorreu,

Que eu passei a ser assim

Por aquelas lembranças que nunca revelei,

Não disse nem para mim.

Movido pelas memórias

que me pesaram o corpo

E me pesam a consciência.

Por tudo que ainda guardo, apesar do tempo...

Tanto pior...

Por tudo que ocorreu,

pelas cores do sujo baralho,

Pela potencia em carregar rancores

pelas dores se multiplicaram

Multiplicaram-se, por azares.

Estimada a ave de rapina

Que in loco o fígado me arrancava:

E depois eu lhe fazia carícias, e lhe dizia:

“Boa menina não deixou comida no prato”.

As vezes me mostro frio, outras me sinto belo.

Ou cada vez mais humano,

No meu imaginário no castelo.

Profunda fortaleza fantasma,

Onde posso fazer tudo, até lhe falar a verdade.

Se puder falar francamente,

nem ligo se lhe desagrado.

E tudo que não gostas em mim

é ínfimo, é quase nada

Poderia ser muito pior,

Mais nocivo mais malvado

Nem sempre faço o que penso,

Quando ouço o som dos seus passos

Sem ter certeza do que sinto

No instinto, tateio o espaço.

Não ignoro os meus sentimentos.

Totalmente alheio aos meus atos,

Finjo não saber pra onde ir,

Finjo entender o que faço.