De fora eu vejo II

Da outra calçada da rua,

vejo-me dentro do quarto

que era meu,

que me guardava,

que me tolhia e me dava asas.

Dele, no profundo dele,

morava o meu silêncio

curtindo orgias,

rezando firme,

abraçando o mundo sem pernas

de onde jamais saía,

ousando visitar a rua,

do outro lado da calçada.

Meu quarto era o meu monastério,

clausura de minha liberdade.

Nunca estava alegre e livre,

mas nunca chorava

desentendendo o mundo.