CAOS DA ORDEM!
A sala enterra os olhos na planície dos objetos
Foram-se decibéis delinqüentes de desacordadas vozes
à exaurida noite se apresenta vestida pra dormir
E o absinto das paredes, escorre sobre os lábios das horas!
Ouvem-se fugas barulhentas na negreza paralela
O silêncio apita ordeiro; é morto pelas costas!
Latidos de cães baldios são os assassinos...
Num dia perplexo, em que a lua é a mera coincidência do acaso
...na mão direita, um copo com algo não-alcoólico,
Sobre a mesa de centro, revistas da última década
Mortes sonantes saltam da televisão imperceptível
O telefone as acusa com sua mudez mórbida, e se vela
Hoje o poeta é mais objeto que nunca
Está lhe acontecendo o velório de outro dia...
Não percebe as campainhas, sente-se só, não está no mundo
Mas, no entanto, agarra-se ao relógio, seu parente mais próximo,
Que lhe identifica os segundos - fiel!- insiste enrugar-lhe o rosto
Persiste à vontade de completar-se...
Tudo é inútil. o poeta é uma matéria abstrata
No fim, sempre cai n’algum amor fajuto
E a multidão de companheiros inanimados
Vão as “favas”, de onde o amontoado de lixo vencido
Exala a alma do poeta, que é outro poeta,
E que será um “poeta”
Quando recusar a estúpida idéia de estar vivo!