Altar
A luz dança serpentina, em fantasmagoria;
tudo é muro sórdido de brancura e tristeza,
desrespeito ao verbo, desdém ao grito,
nulidade dos silêncios, borbulhamentos
de medos, de tempos, de frêmitos
secos e enfermos, pálpebras em atrito.
O ronronar das horas é diferente, não é bonito;
com o tempo, torna-se maquinaria doente.
O aspecto (in)questionável da dor pulsa
no corpo exausto de fluidez em nó;
estendido no altar vulgar dos sentidos
com marcas de consciência e demência,
deixa-se anular sem delongas à languidez
da sensação que é ser-se, tão só...