Comedido

Com todos os pecados

Rasgados e resguardados

Num fundo empoeirado

De uma gaveta vazia

Faço-me e desfaço-me

Vivendo destes cacos

Ferindo-me incansavelmente

Como uma tremenda hemorragia.

Num guizo estrangulado

Sem se importar que diabos

Passa-se além do mar,

Fico estatizado

Sem saber o que dizer,

O que fazer o que pensar... Seilá.

Um cuidado ferido

De pensar em deixar

Esquecer-me e prender-me

Além do horizonte.

Pensar em não mais ser-me,

Ser uma mente enferme

Onde não haja mais montes

nem mais “ondes”.

Ser apenas pecado consumado

Sem nenhum resquício de razão:

Ser aquilo tudo que eu havia desejado

Ser amor doente, ser pura perdição.

Mas não.

Todos são desejos resguardados

Viventes daquela gaveta

largados pelo empoeirado chão.

Larissa Maciel e Lélia Borgo
Enviado por Larissa Maciel em 04/06/2013
Código do texto: T4324230
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