Canários Canalhas.
Canários canalhas
cantando em outra gaiola
matando o dia,
matando o meu dia.
Levando embora
embora de mãos vazias
meu sono e o meu
sorriso que olha a vaca voando
mentira nua e crua.
E assim.
A casa ali, neurótica
criança simbiótica
criação afrodisíaca.
Sensação de medo...
A lua nua e crua
em noite de tempestade
espera,
um quintal
de últimos dias.
Meu cabelo
ao vento serpenteia
em uma estrada sem fim
sem começo, sem destino
um endereço final.
Um único beijo
uma risada no meio,
uma telha caída se quebra com o silencio.
Agora a escuridão quebrada
a luz teimosa em fuga.
Balões sem ar
estendidos no meio
do fim do dia.
A cada dia silencio e vozes
coisas malditas.
Minha vida
à cidade exposta,
ciumenta.
Uma lista de segredos
cultuando animais
homens animais
mulheres animais,
à luz da fogueira
rola um transe.
Estou em casa sonhando,
medindo
o tempo
sugando o resto do dia.
Perto do nada
o nada vazio.
O coração tic taqueia
sem reclamação.
Peço amor,
penso amor
tenso, denso amor
amordaçado.
De sorte que quando durmo
sinto que
estou acordando,
acordado concordando
com a vida que estou levando.
Com as flores
do meu jardim
dividindo seu perfume
com o estrume da rua
e a lua ensangüentando o céu.
Vai dando um nó
na cabeça
como num cabo de guerra
desperdiçando forças.
foi assim que aconteceu....
Piora a qualidade de vida
a quantidade aumentando,
morrem espécies
pedem socorro
as mulheres, as mães.
As meninas envelhecem
sem idade
antes do alvorecer
antes de amadurecer, antes da hora.
E os meninos apodrecem
mortos por outros meninos.
O punho
empunhando
a reação do mundo
esmurrando o escuro do muro
pro claro da liberdade.
Cidade,
salada de vaidades
está jogado
em seus becos
o lixo da humanidade.
O pulso impulsiona
a força
que busca o fim do ferro
que prende o ato de fuga
o que rende muita dor.
foi assim que aconteceu.
nem parece que fui eu.
Em minha casa
sem numero
minha rua sem esgoto.
A terra sempre encharcada
com o sangue
de alguém sem nome
vitima de algum sem nome.
Em minha casa
sem numero
minha rua sem água
sem meninas
seminuas.
De um bairro sem policia
de um estado sem escolas
De um país
estrangeiro
para os que neles
nasceram.
Que promete
sem futuro
do mundo ser o celeiro.
Mas por algum motivo
a criança
chora.
Se pudesse sorrir,
ela o faria.
Se pudesse sair,
ela o faria
Pudesse fugir,
ela o faria.
Se pudesse estudar,
ela o faria.
Se pudesse escolher,
escolheria.
A fome
em muitas moradas
faz a sua moradia.
No sul
as crianças bebem água.
No norte
as crianças bebem água.
Na morte
a água bebe a criança.
Que cata
o lixo das ruas
o lixo do lixão.
Arrancam as tripas da luz
no barco que
risca o riso,
o riso podre do rico
o pobre riso
do pobre,
que pensa poder sorrir.
Bela flor, fruto,saliva
suor, esperma
guaraná.
refrigerante do BRASIL.
Voa, voa o passarinho
e cai dentro
da lagoa.
A poeira
cai na rua
o foguete caiu
na lua.
A lua morta
Na rua mora o silencio
A morte atrás
da porta.
E pronto
feito o pedido
negado.
Não há tempo
o tempo esta esgotado.
E pronto
documentado,
assinado
carimbado.
Não tornou-se
a pedir.
Não tornou-se a ser
negado.
E foi assim....
parece que não fui eu
que vivi.
Os meus olhos estão em ti
como no resto
do mundo
As tuas lágrimas
repousam
sem descobrir
o caminho.
A tua boca
me chama por um nome
que não conheço.
É o começo do resto.
Meu nome
não está em tua boca
como a água não molha
a sombra.
Os teus olhos
me olham
sem refletir
o que sou.
O meu grito
não encontra eco
nos teus ouvidos zumbidos.
O eco
que não sou eu
Um nom,e
que não é meu
O foco que
apaga a luz.
O tempo que dá
a morte
seu dia
de aniversário.
Se você transar comigo
vai vomitar muitos
vermes.
Se você sonhar
comigo.
Vai acordar sem cabelos.
E foi assim
só eu conheço
o caminho.
O som
infernal dos vermes
zombando
do meu carnal.
Não quero levar
a sério
a fuga do animal.
Que derrubou o cavaleiro
sangrou
e apodreceu.
Monstro zodiacal
cobra marinha.
A noite sonha,
a virgem sonha
em véus de santa.
A flor do mal
encantada.
E aconteceu aqui.
com alguém que não conheço.
Um pássaro que ainda
vive.
Aqui. R costa barros, 43