Olhar sem rumo
Nos matizes do céu rosado
o horizonte de cobalto se afunda.
Os ventos passeiam nos silêncios dos pastos vazios.
É a última luz do poente
que acaba de cruzar o para brisas do meu carro
Suicidando-se lenta nos meus olhos.
O vento rasteiro quase dorme na poeira
E faz chorar as vargens que balançam
sobre os álamos silenciosos, sitiados de poemas, livres de toda a fome dos olhares.
Sinto em meus ombros o peso dos dias
Ósseas envergaduras escuras
Albergue onde me escondo e choro
Onde borro as letras que decoro
Em meus pensamentos poesias!
Paro meu carro e fico estacionado
na penumbra de um acostamento
Com calma enrolo um cigarro e fumo
A alma se acende tal qual uma brasa
beijada e tragada e solta ao vento.
A noite se deita se ajeita e se cala
atrás dos meus olhos em vãos pensamentos.
Sento-me na poltrona com as mãos no volante
Fico assim contemplativo por alguns instantes.
Viro a chave, ligo o motor, vou adiante!
Sigo na rodagem
cruzando o vazio frio e o breu
Na paisagem que me devora
E a noite cresce nas horas
correndo em vagos pneus
Ao longe brilha a cidade
acesa na escuridão
As fachadas luminosas
brilhando na contra mão
Como chegar à um destino?
Eu te pergunto...
Qual o melhor destino?