Gélido Coração
Nem esta fogueira acessa
Ardente
Queimando em brasa
Enchendo o céu estrelado
De Fagulhas
Deixando a noite iluminada
De borbulhas ardentes
E vaga-lumes
Pode esquentar meu gélido
Coração
Nem o conhaque requentado
Nem este quente aguardente
Nem este luar abrasador
Pode aplacar minha dor
A vida escreveu na minha pele
Estes versos verídicos
Que congelaram meu sangue
Feriram minha alma
E cegaram os olhos do meu pássaro
Mas amanhã o sol vai nascer
E trazer luzes para os orvalhos
E minhas lágrimas
Seus raios vão acordar o girassol
E levantar as margaridas
E quem sabe acender os olhos
Do meu pássaro
E como as águas cristalinas
Deste esverdeado igarapé
Meu sangue volte a correr
E vá alagar a campinas sedenta
Do meu ser abandonado nesta
Nostalgia
E sussurre nos ouvidos do vento
Que é tempo de dialogar
Com os cata-ventos
Tempo dos lápis escrevem poesias
Nos cadernos sem sentimentos
E das sementes mortas machucadas
Feridas
Brotarem na terra seca
Tempo de saber que o amor inútil
Costurou o coração dilacerado
Pelos caminhos de pedras
Que agora é capaz de escrever poemas
Mesmo que sejam de pura solidão
E abandono.
Luiz Alfredo - poeta