Eram Poentes... Ora, Muros!
E ela debruçou-se à janela...
E procurou um fio condutor no céu cinzento...
Que a levasse à algum lugar familiar.
Não encontrou... Disse-me ela que anda a procurá-lo todos os dias!
E que cada dia, tem o seu cunho de pesar...
E que cada dia, tem um punhado de areia...
Para em seu "túmulo" estarem a jogar. Esquecida e só.
Sim... ela encontra-se meio "morta"... das histórias suas antigas.
Estão a fazer uma reforma em algumas "pontes" antigas...
Pontes onde ela atravessou... quase feliz...
Ora colheu... ora jogou flores... e plantou alguns botões de amores.
E praguejou também!
Estão a transformá-las... As pontes! ... Em grandes muros!
Passam “tratores” e escavadeiras” e estão a derrubar tudo!
Ela percebeu isso há algum tempo... Mas, tola...
Pensava ela que as flores que ela jogou... quase feliz...
Delas, não contavam-se os espinhos todos.
Ela não costuma ela perder o seu tempo a contar os espinhos das flores-amores...
Ela prefere mirar as flores... Disse-me que nascem delas as borboletas breves!
E guarda ela as pétalas de todo o fim... em seu livrinho... carinhosamente.
Mas há quem prefira contar os espinhos todos...
E, quanto à isso... não pode ela fazer muito.
Então ela resolveu passar a página... e fechar mesmo o livrinho!
E o muro? ... Ela não ajuda-os a erguê-lo... De jeito nenhum!
Mas também não o transpõe... e nem faz "birra" com ele.
Ela disse-me que limita-se a encostar-se nele apenas...
E lamenta tudo... neste muro erguido do hoje...
Das suas lamentações todas!
Ao terminar de contar-me este conto... pegou ela o seu pulsar! ... E saiu a correr, tal criancinha... atrás da sua borboleta azul!
Não sei do que ela corria, na verdade...
Não sei.
Karla Mello
19 de Maio de 2013