Um homem de erros...

Sou um homem de muitos erros,

de promessas desfeitas,

de corações partidos,

de sentimentos destruídos,

de vidas destroçadas,

por isso não pedirei segundas chances,

minha voz calou-se à tanto tempo,

e agora apenas vago errantemente,

na solidão de cada desespero cotidiano,

tropeçando em meu reflexo doloroso,

tateando na cegueira de dias torpes,

como um louco preso à sanidade de um devaneio,

dê-me apenas uma razão para seguir em frente,

dê-me apenas um caminho para trilhar como um sonâmbulo...

Sou um homem de poucos acertos,

de sorrisos desfeitos,

de sonhos não vividos,

de planos não concretizados,

de manhãs desperdiçadas,

por isso não suplicarei por piedades alheias,

meus ouvidos ensurdeceram-se nos gritos urbanos,

e agora ando descalço sobre meus próprios cacos,

sangrando minha pele já tão açoitada pela indiferença,

esvaindo-me em venenos noturnos de serpentes imaginárias,

queimando minha alma na fogueira do esquecimento perpétuo,

como um zumbi amaldiçoado pelo tempo de minhas incongruências,

dê-me apenas um motivo para abandonar o sopro que ainda me habita,

dê-me apenas uma faca para cortar os pulsos da efemeridade...