Debaixo

Na sombra de um pomar, ela descansa

Só ela, devaneio e lembrança

De quando não passava de criança

E seu pomar, na palma da mão

Cabia.

"Primaveras silenciosas chegam sem serem notadas

Anotadas em calendários de padaria

Pediria a ela para que não se incomodasse

Como se não bastasse, após os meses coloridos

Gotas de amor despencando de núvens chorosas.

Batam palmas para a estrela vinda do extremo leste!

Usufruam de seu calor... por alguns instantes

Cantem suas músicas ao redor de uma árvore...

Mas não se esqueçam dela.

Ela é o que te mantém acordado, o que te faz dançar e desistir de tudo!

[...]Não há, então, sombra alguma que se goze

Ao menos por enquanto.

...

Talvez seja de se admirar como época demasiada fria possa aquecer

[ qualquer palavra dita, qualquer culpa,

Qualquer consciência pesada.

Talvez sejamos nós os invernos, outonos, verões

Talvez sejamos nós o ar, o tempo e espaço

Talvez alguém possa, um dia (pudera eu), descobrir para onde saber

[e de onde pensamos."

Na sombra de um pomar, adormeceu.