O HOMEM DA VARANDA
Preciso de uma varanda
Para poder ficar só
Onde pelo menos meus olhos
Encontrem companhia
Nos corpos dos desconhecidos.
Naqueles poucos metros quadrados
O céu testemunhará minhas lágrimas
E o vento as levará embora
Negociarei ali
Todo ímpeto de matar-me
Matar a mim, ou pelo menos,
a dor que me habita
E assim, passarei meus dias
Talvez até volte a fumar...
Parece combinar com essa mise en scène
Até o dia, em que finalmente
Meu destino se decida.
E numa manhã de sábado
Faça passar por aquela varanda
Pulando direto na minha cara
A alegria matinal dos raios de sol
Ou a aspereza do asfalto desta cidade