Ninguém à minha espera

Ninguém à minha espera,

nem anseia por minha presença.

Até mesmo quem já tivera,

foi dada minha sentença.

A alma está vazia, incompleta.

A vida inútil, sem nada a dedicar.

Sem saudade de viver, repleta,

nada há mais para sonhar.

As noites são sombras sem esperança,

do olhar sem brilho, olhar opaco.

Na imensidão da vida repousa as lembranças,

no silêncio de mim mesma, tudo é fraco.

Das recordações de quem muito amou,

nada restou, nem mesmo por quem chorar.

Só a dor consome, como a luz que se apagou,

e a tristeza de não ter a quem amar.

Das notas de alegria que um dia em mim soaram,

ficou um murmúrio solitário.

Do ser errante que as notas calaram,

um destino pobre, imaginário.

Não guardo nenhuma saudade, nem do que já sonhei,

nada dos amores que vivi, ou desejos que desejei.

Nem das noites que acalentei,

das lacunas – nenhuma a preencher.