Ilha perdida
Você está imersa num extenso papel
de letras apagadas
Onde se destacava o intenso azul
do oceano
No mar de mistérios decifrados
Você era refúgio em meio ao turbilhão
Segredos, sussurros, sortes e
magias estavam escritos nas areias
E, a onda vinha logo bordejar e apagar...
Tudo era tão provisório e passageiro
A brisa já anunciava a noite
Mas ainda era tarde.
Era entardecer...
O vermelho menstruando em público
no céu do dia.
Tarde demais para as ideias,
Para os desejos, para as âncoras.
Abandonadas no cais.
Sem navios, sem rotas,
Sem ressentimentos...
Só uma imensa sensação
De angústia e perda.
A ilha perdida no mapa.
Um tesouro perdido
na infância,
na memória.
Com o coração enterrado
no pântano das lágrimas
E de noites sem sono.
Quando achar essa ilha.
Vou desenterrar meu coração.
Vou sentir tudo de novo.
Ou apenas vou envelhecer
Com a primavera dos sentidos e
Com o inverno da sabedoria.