Vento de areia
E esse vento de areia que atinge meus olhos, dilata minha visão,
Dilata meus delírios que são apenas seus.
Esses meus pedaços pelo caminho... Se eu pudesse, juntaria um por um e ofereceria a você.
Aceitaria meu beijo? Mais que isso: aceitaria minha alma como prova de amor e ternura?Daria-me um beijo mas não de areia?
Correria pelas estradas mais estreitas e pelos ventos mais intensos para chegar até seus olhos, seu sorriso e sua alma.
Se o amor é uma virtude, por que existem tantas muralhas sobre ele?
Se você me vê como amigo, por que o que eu sinto vai longe disso?
Por que tudo que fiz foi por amor, mas você viu como algo amigável? Amigos dão rosas e chocolates uns para os outros?
Amigos escrevem poesias expressando-se pela alma sobre o amor que sentem sobre o outro?
Se todas as tempestades forem de areia, então que me cubram, mas que salvem o meu amor.
Se eu luto, é porque eu vejo uma conquista vitoriosa no final. Se eu insisto, é porque eu sei que tudo é tão real quanto a nossa existência.
Mesmo que eu pise no coliseu, e, por aventura, nada aconteça, eu estou preparado para buscá-la.
E se você estiver do outro lado, eu cruzo as pontes, mesmo que haja um desgaste psicológico; nado nos oceanos, mesmo que haja um desgaste físico; invado as matas, mesmo sem bússola, mas chegarei em seu sorriso.
E quando nos depararmos, veremos que tudo em nós faz sentido, que as rosas do nosso jardim cresceram e floresceram, que as pontes se interligaram,
Que o vento de areia parou de soprar em nosso respeito.
Renato F. Marques