ângulos...

nula... em zero graus sinto-me.

anulei-me... desfiz-me...

pernas em noventa graus...

efemeramente... e minto eu.

são três horas da madrugada...

em noventa graus. e a solidão?

deixa-me obtusa... com os meus barços abertos...

à espera de um abraço... de um único abraço.

deito-me em cento e oitenta graus...

reta e intacta. e choro.

e a minha cabeça dá voltas sem descanso...

trezentos e sessenta graus...

tantas vezes! tantas vezes!

e também o relógio estúpido da parede...

e a minha febre que não passa...

e o tempo... que passa...

implacavelmente.

eu nunca entendi essa exatidão matemática...

que cabe no universo...

que nunca coube no universo de mim.

eu gosto das flores... e da resiliência minha...

e pálida... fecho-me em copas.

Karla Mello

22 de Abril de 2013

Karla Mello
Enviado por Karla Mello em 22/04/2013
Código do texto: T4254182
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