Ausência

Aonde eles estão?

Pior do que a dor,

É somente tê-la para conversar.

Conversar e saciar.

Querer e se viciar.

Prender e se calar.

Sofrer e se anestesiar.

Aonde Você está?

Sozinho não posso,

Eu não consigo ficar.

Se está por aí, manifeste-se!

As minhas portas sempre estarão abertas.

Minhas fraquezas foram travestidas por meros confortos ilusórios

E agora a desilusão tenta me aliviar.

Nesta terra de amargura, sinto vontade inevitável de também ser,

E pertencer, ao amargo.

Falaram-me sobre o paraíso.

Falaram-me sobre o amor incondicional.

Mas não passava de mais um afago de um inimigo banal.

Faça-me arrepender do que eu sempre fui.

Diga-me que agora tenha que me deter

Ou que tenha que deixar-me morrer.

A minha busca insaciável pela luz obscureceu-se

Pelo mais vil sentimento humano.

Não digo que desistirei.

Mas também digo que não mais procurarei.

Ainda sei que o céu estará sempre no mesmo lugar se eu dirigir a ele o meu olhar.

Sei bem que palavras verdadeiras tem o poder de me curar.

Mas o que devo fazer para poder me conter?

Agora toda essa angústia cobre-me

Com longos e pesados pedaços de pano.

Como posso não julgar-me insano?

Agora sinto a dor de uma perda.

Agora vejo que a dor de não ganhar

É o prato mais doce do fracassar.

À minha vida - e meu viver - peço-lhes sinceras desculpas:

Desculpas por ainda não viver pela fraqueza de meu querer.

Aqui, diante de mim e de sua ausência,

Clamo à ti que me ouviste de algum lugar que apareça

E diga-me que eu não sou capaz de chegar a um bom lugar.

Me odeie.

Me xingue.

Me apedreje.

Me humilhe.

Se puder, me mate e deixe-me no chão a sangrar.

Mas antes, por favor, apenas apareça...

... Para que eu possa olhar o seu rosto e sorrir,

Por ser o único amigo a me ver chorar.

EA
Enviado por EA em 21/04/2013
Reeditado em 01/06/2014
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