ATÉ NUNCA MAIS TRISTEZA!
Sou apenas o pequenino ponto escuro da letra i
a nota musical da melodia da passarada
a folha seca despencando da árvore triste
o pingo d'agua que banha a linda mulher
um fio de cabelo arrancado pelo vento
o grão de areia escorrendo da água do mar
uma estrela pequenina e apagada no céu
que ninguém vê nem imagina existir
o sopro da brisa dobrando as esquinas
um olhar perdido buscando sonhos
o botão azul da blusa esquecida no chão
um risco da tinta jogada no ar
o toco de lápis da pobre criança
o caderno rasgado e jogado a esmo
o tiro no escuro que fere a noite
o fósforo desprezado depois de aceso
o poeta costurando palavras e
tecendo ilusões.
Por travesseiro a tristeza,
com quem dormi abraçado;
por lençol a melancolia,
que me cobria as lágrimas;
vieram as sombras melancólicas
nos pesadelos das lembranças
e despertei nos braços
mórbidos da saudade.
Uma chuva fina
acordava a manhã.
Dispensei a tristeza com um sorriso
quando a melancolia me visitou
num instante repentino.
E minha alma, agora serena,
bradou enfim livre da nostalgia:
fora amargura, já não há lágrimas
para regar a solidão
e no meu peito não mais bate
um coração movido a dor!
Doravante direi não ao sofrer
pois hoje meu ímpeto é sorrir
e o desejo a impulsionar-me é viver,
porque a vida me chama
à felicidade contínua.
Até nunca mais tristeza!