Passagem de Ida
Os últimos suspiros de uma poesia que silencia,
Sonoros versos de amor que o egoísmo asfixia.
Um silêncio, que dorido, ecoará na eternidade...
Ah, o adeus que fatalmente me soa tão covarde.
Infesto adeus cruel a corromper o encantamento
Amor que perde seu abrigo e ajusta-se ao relento
O mesmo amor que brilhou às nossas esperanças
Enturva-se à névoa das nossas destemperanças.
Um devaneio de amor que não coube a realidade
E fez-se em pedaços com uma afetada docilidade.
Aos dois alquebrados corações coube a rendição,
Ao amor amado e jamais vivido coube a abstração.
O amor é um encontro, o adeus é um extravio...
Sopro que leva cada pedaço do todo para o vazio.
O amor é poesia... Vívida, vivida... É ida e vinda...
O adeus é dor vívida, vivida... Passagem só de ida.