o poeta, as máscaras e o animal. (terra de sal e ninguém)
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Eu tenho medo do animal que existe dentro de mim.
Ele não pensa. Comporta-se como uma besta à mesa,
não tolera toalhas rendadas e porcelanas.
Ele não faz as unhas por preguiça, ele não entende para que lhe serve unhas pintadas.
O animal que me habita é selvagem, intranquilo e pode ser violento ao afago.
Olho para ele quando me visto e vejo que ele me entende e me dá coragem.
Algo nele me diz que sou parte dessa estrutura animalesca e temporal.
Não ouso dominá-lo. Preciso de sua fome voraz, preciso alimentá-lo com meu sangue,
minha carne, meus ossos.
Nascemos juntos e na temporada de caça saberemos exatamente onde nos recolher.
Patrícia Porto