Fragmentos de sentimentos

Olho para cada estrela à sua procura,

enquanto suas palavras ressoam em minha alma,

"não somos vítimas, somos apenas destino",

um destino quebrado na curva de uma ventania,

tentamos escalar montanhas íngremes com insucesso,

nossa queda foi maior do que os sonhos que nos moviam,

nossas asas como as de Ícaro desmancharam-se,

o sol corroeu nossa força de vontade,

agora somos essa rachadura no chão,

esse espaço repartido em esquerda e direita,

sem razão, sem coração, sem ilusão,

não querendo amar novamente...

.

Olho para cada nuvem à sua espreita,

enquanto suas verdades eclipsam minhas teorias,

"não pertencemos à nós mesmos, somos finitos",

um fim em eternidade angustiada na lamúria da noite,

tentamos correr uma maratona sem sequer chegar à metade,

nossos passos embaralharam-se em nossas fragilidades,

nossas armaduras esfacelaram-se como cristais finos,

o impacto de uma vida dura nos quebrou,

agora somos essas particulas espalhadas,

esse desencontro de matéria física,

sem densidade, sem completude, sem coerência,

não querendo jamais se apaixonar outra vez...

.

Olho para cada porta esperando-a abrir-se por você,

enquanto minhas dores permanecem aprisionadas em mim,

"não sou sua cura ou cicatriz, sou apenas uma lembrança",

suas palavras percorrem os labirintos de meu cérebro,

erámos o encaixe de uma imperfeição articulada,

mas os medos devoraram nossas possibilidades,

desistimos sem nem ao menos iniciar uma via alternativa,

as armadilhas em nossos tornozelos nos imobilizaram,

agora somos esses animais domesticados pela dor,

esse tormento que agoniza entre grades invisíveis,

sem futuro, sem liberdade, sem viabilidade,

não querendo mais jogar dados com Einstein...