DIAS DOS DIAS
NA MANHÃ DE 10 DE ABRIL DE 2013
Precisas de mim só eu sendo
a mulher que não posso ser
a que amaste sem amar
a que quiseste sem querer.
Aquela que sem haver vida
vida traz por a não haver.
Ah, quisera-me essa quimera
para que me pudesse ser
mas, não me sendo essa quimera
tal vida não me posso ter
restando-me, enfim, esta outra
que não me sei reconhecer
que me habita os dias dos dias
precário corpo só a ver
as flores tantas da paineira
já neste outono de não ser.
Procurei ter uma voz própria
achei, não a pude viver.
Antes nunca a houvera achado
seria a paz, ermo de ser.
Só existir, como uma pedra
só pedra a sobreviver.
Alguém que nada quer de si
esta, só, que me coube viver.
Querer-me em ti? Renunciar-me
à voz que eu pude ter em mim.
Ficar-me em clausura sem fim.
Viver só a passar... passar.
Já não me posso resgatar.
Já não me posso aturdir
por já não ter direito a voz.
Partida, antes de partir
passado, antes de passar
silêncio servindo a ninguém.
Ser função, enquanto couber
esta: a mãe de minha mãe.
função que deve preencher
tudo o que fui, para esquecer
tudo o que quis, para esquecer
eu, mãe, o que sempre vos fui.
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10/04/2013 18:01 - David S Waisman
Versos das profundidades d'alma...
Nas noites das manhãs
é mais tarde do que era
na eterna madrugada
do dia que amor gera.
Muito obrigada, caro amigo David. Muito, muito obrigada.
Abraço fundo da Zuleika/Zu.
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