Atualidade

Sou um escritor claustrofóbico às avessas,

Agorafóbico, para ser mais preciso.

Assustam-me espaços abertos,

assusta-me a extensão de todas as possibilidades.

Ultimamente, não me agrada sair à rua. Não me agrada ver o mundo.

Tenho preferido me trancar em meu quarto,

viver confinado num universo com limites bem estabelecidos,

Eu tenho preferido ficar em casa fermentando o meu passado, misturado ao suor das mulheres que entram e saem da minha vida sem nada deixar,

sempre levando de mim,

mais do que posso me dar ao luxo de perder.

Meu céu é o teto,

minha cama é o mar azul em que flutuo,

dias e noites, seguidamente,

enquanto escrevo sobre mesmas ideias,

as mesmas histórias,

as mesmas dores, reutilizadas, recicladas, refeitas...

Revivo-as, assim, mesmo como um pálido reflexo,

ou um filme em preto e branco, com meus sentidos anestesiados.

Não sinto,

não sofro,

não vivo.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 09/04/2013
Código do texto: T4231984
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