AINDA QUE ARDA

NA MADRUGADA DE 09 DE ABRIL DE 2013

Se voz me coube, agora não me cabe

a não ser esta voz solipsista.

Ainda que tarde antiga me arda

arda só no coração, este à deriva.

Existir só na sombra, como sempre.

Não me cabe da vida a claridade.

Nunca me coube, esta é toda a verdade

em que relutei crer, agora patente.

Assim, a tua voz num canto, a minha noutro.

Se haja ponte entre ambas, ponte invisível

como o foi toda a vida, sempre, invisível,

demasiado antes de haver-me este claustro.

*****************************************************