De novo

De novo essa manhã

Fosca e sem sol

Pesadas nuvens esfumaçam

o horizonte.

O orvalho lacrimeja a vida

Nas pétalas da rosa do jardim

É uma benção e um lamento.

De novo essa manhã

Essa culpa latejando em

meu peito vazio de amor

Plexo dolorido de afetos frustrados.

Espero o raio sol

Como uma possível tábua de salvação

E me arremesso nos devaneios

Que esparram minha alma

Em todos os cantos

Há um pouco de mim espalhado

Por toda casa

Nos livros, nos chinelos

E no olhar incessante das fotografias.

Abro a janela

Há cotovia lá fora.

Maritacas gritam desesperadas

Pelo céu adentro

Roubam do azul o silêncio celestial.

Lá, ao fundo da paisagem,

Há a localização geográfica de você

Tão perto e tão inatingível.

Os abismos mais próximos

São aqueles mais profundos...

A areia movediça nos engole

Com paixão e requinte

A solidão nos protege

do outro.

Do sentimento do outro.

De um mundo que de manhã

Chora as ausências em reticências

Que recorta o medo,

Que cola a existência num corpo

E remenda ideias no entardecer

Não solene de um domingo.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/04/2013
Código do texto: T4230228
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