R E C U S A
MEU CORAÇÃO AMARGO, DE POETA APAIXONADO,
RECUSA-SE A ACEITAR UM NOVO AMOR, OU ALGO PARECIDO.
NÃO ACEITA SER NOVAMENTE SANGRADO, ESPICAÇADO,
TRITURADO OU MOIDO...
E ME PERGUNTO, ENSIMESMADO E AUTO CONDOÍDO,
VIVER COMO ? SEM UM AMOR INTENSO E EXPLODIDO,
SEM AS NATURAIS LOUCURAS,
SEM AS DOCES E INESQUECÍVEIS AVENTURAS,
SEM O AR QUE SE RESPIRA,
SEM O BEIJO ENTERNECIDO,
SEM O OLHAR SOFRIDO,
QUANDO O AMOR SE CONCRETIZA...
MEU CORAÇÃO, CANSADO, EXAUSTO, PERDIDO
VASA PELO MEU OLHAR, E SE PERDE NA DISTÃNCIA
DO DESFILADEIRO,
MASCARANDO A FALTA DE UM TERNO ABRAÇO,
O CHEIRO DA PELE SUADA,
O BRILHO DO OLHAR QUE PRENDE COMO UM LAÇO,
E DISFARÇA A DOR DA PERDA
QUE FERE TANTO QUANTO O AÇO...
MEU CORAÇÃO RECUSA-SE A SOFRER AINDA,
E MEUS OLHOS RECUSAM-SE A CHORAR...