QUANDO EU NÃO ESTIVER MAIS AQUI
I
Ó solidão amiga minha,
Porventura deixarás a morte
Roubar-me de ti,
Dos teus acalantos braços?
Impeça que ela venha,
Ela encontrará um moribundo frágil,
Indefeso, sem forças pra reagir...
Ela vem, ela vem, tudo bem!
II
Ó solidão amiga minha,
Negocia com ela, te peço,
Afinal de contas é só a ti que tenho,
É só a mim que tu tens,
Convença-a que não terá lucro algum,
Solte as suas gargalhadas, faça-a pensar...
Mostre a ela o quanto o homem é miserável,
Que não sou tão importante assim...
Não a deixe me tocar;
Não a deixe olhar em meus olhos;
Não a deixe te convencer;
Não a deixe se pronunciar muito.
III
Ó solidão amiga minha,
Pense nos dias que virão
Sem a minha companhia;
Sem a minha latente dor...
Dê-lhe as costas, a ignore,
Pegue a minha mão...
IV
Ó solidão amiga minha,
Não a deixe olhar em meus olhos,
Vamos juntos para o lugar
Que só nós conhecemos...