Afastamento
Efêmero é o momento:
quão longo é o esquecimento!
E eu nesse quarto,
que de mim anda farto
e me pede para sair,
viver, sentir...
Conhecer uma outra história,
que não fique apenas na memória,
mas que me faça acontecer,
sem mais sonhar, sem mais sofrer...
porque de pensar, trago a mente cansada,
desses amores que sempre dão em nada
e pouco é o que acrescentam...
Minha cama não me sustenta.
Esse travesseiro já não aguenta
as dúvidas que me atormentam...
sei que não posso ficar inerte,
mas eu não tenho para onde ir...
pode ser que uma hora eu desperte,
sabendo em que devo insistir...
são tolices o que mais guardo,
são temores o que mais aciono.
Não há vida quando me condiciono,
cada pensamento torna-se um fardo...
pouco importa enquanto sobrevivo,
o que de mim se desprende
torna meu corpo cativo.
Tolero minha desistência,
invento outra resistência
que aos poucos se desfaz...
então, volto pro meu quarto,
que de mim, anda tão farto
e reencontro a minha paz.
Dormindo.
Chorando.
Sofrendo.
Amando.
Envelhecendo
e acordando
cada vez mais longe de mim...
10 de dezembro de 2006.
02h11