LITERALMENTE PROCURO.-

Passo literalmente pela nossa sala,

entro na solidão do nosso quarto,

com ele a saudade e tristeza reparto!

Sapatos no chão, não encontro a mala,

nem o choro intermitente das crianças.

Meu Deus! estou perdendo a esperança...

Nossa! O carrilhão bate, são treze horas,

é hora de buscar as crianças na escola!

Um grito agudo no corredor: vá embora,

Matilde pô, vê se tu não me amola...

Meu Deus! Quantas confusões e brigas,

mas, tudo não passava de intrigas!

A felicidade creio eu, reinava no casarão,

cadê as crianças, a mala, puxa que solidão!

Meu corpo se arrasta e procura repouso,

deitar em nossa cama, não quero não ouso!

Daí sentar-me na cadeira alcunhada "do papai",

tua lembrança me agita, roda, gira e não sai...

Que saudades tenho: das crianças do teu grito,

ando, procuro pela casa, tudo é tão esquisito...

Domingo Lage
Enviado por Domingo Lage em 31/03/2013
Reeditado em 03/10/2019
Código do texto: T4216628
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