AUSÊNCIA

No ar da tarde

... o seu perfume ...

e o meu desejo se resume

no sonho e no queixume,

de estar longe e não ter

esses seus olhos – meu lume –

seu coração, que ciúme

e para onde quer que eu rume

levo na alma você.

No ar da tarde

a sua graça

é como nuvem que passa,

o seu sorriso me embaraça

e me faz enrubescer ,

sonhando o seu corpo – taça –

prêmio de quem lhe abraça,

de quem lhe conhece a raça

nos momentos de prazer...

No ar da tarde

... a sua voz...

me encontro falando a sós

nesse inferno-céu atroz

do pensar-querer-sonhar.

Mas, na distância entre nós,

o meu pensamento veloz,

qual um animal feroz,

está sempre a espreitar...

No ar da tarde,

singela,

como uma ágil gazela,

qual a estrela mais bela,

você ocupa a minha mente.

Sonho sentir o seu perfume

desperta então o meu ciúme

e recomeça meu queixume

por lhe saber tão ausente.