folhas em branco
nas esquinas frias da cidade
um ou outro perguntava:
‘por onda andaria a alma do artista?’
aquela tarde caiu silenciosa
carregada por um inverno sutil;
páginas em branco voavam pelas ruas.
nos bares, os bêbados sorriam por fora
enquanto uma imagem surgia,
estática,
por trás da janela de vidro do sobrado;
aquela senhora trazia um oceano no peito
e ficou ali,
mirando a cidade vazia
que chorava o silenciar do poeta.