MORTAS MORADAS.
Busquei inspiração na casa dos mortos,
Pedi uma aos vivos,
Mas me ignoraram...
Os mortos desconhecem onde moram,
Somem num mar de sonhos,
Sem cais nem porto.
Os mortos não me viam
Ali, perto,
Levei-lhes tudo,
Dos sonhos,
Ao último adeus.
Do sono, o eterno.
Das linhas mortuárias,
Um livro intacto,
Retirei de cada epitáfio.
Olhares,
Pedras preciosas,
Tesouros raros!
Relâmpagos verdes,
Via-se
Por baixo d’agua!
Nas capelas, o aroma.
De jasmim e cravos,
Que a mão já tremula,
Busca alcançar.
Minh’alma e espelhos
Mármores,
Refletem o frio cadaver
Que me tornarei,
Dos restos dos meus ossos...
Quem sabe onde andam?
Sovem lágrimas
Difíceis de reter...
Quem sabe a lama aonde irão
Me esconder,
Brote frutos aos vivos
Que me ignoraram.