Vivendo na escuridão - poema
Que triste névoa a cobrir meus olhos,
Na aflitiva vida de minha escuridão,
Todo dia para mim, é mais uma noite,
E a noite só é feita de maior silêncio.
Nos momentos em que me encontro só,
Posso chorar sem esconder a minha dor,
Por não ver a luz das estrelas e a cor das manhãs,
Não ver o sol que aquece minha solidão.
Será que tudo que imagino tem sentido?
Ou são quimeras de quem falta a visão!
Assim vivendo vou criando fantasias...
Para alegrar um pouco mais o meu sofrer,
Vou libertando em minha mente utopias,
Que só entende quem for cego como eu,
Criando imagens pela vozes que escuto,
Vou esculpindo pelos sons que ouço...
O traço de beleza que cada um possui,
Assim é a vida pra quem nunca viu a luz.
(Baseado no mote:"Eu respiro mas não vivo"
da poetisa, Delfina Benigna da Cunha, 1ª poetisa cega do Brasil, a publicar um livro de
poesia, viveu de 1791 à 1857. Era natural de
São José do Norte-RS).