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Ele vaga pela casa
Sabendo não ser lembrado.
-Que destino malfadado
O de saber-se esquecido!
 
Vem um vento desabrido
Leva o que ficou marcado...
Entre o tilintar das taças
Um desejo malogrado
 
Pois que anda pela casa
Sabendo não ser lembrado...
De toda a vida vivida,
Nenhum sonho foi guardado!
 
Veio a morte, e carregou
O que havia se orgulhado,
E a memória se fechou
Sobre quem havia amado...
 
Ele chora pela casa
Sabendo não ser lembrado...
Entre os risos de alegria
Ele se queda, chocado!
 
Tantos anos de ilusões,
Tanto amor desperdiçado
Entre os frios corações
De quem havia adorado!
 
E ele assombra aquela casa
Sabendo não ser lembrado...
E o que restou de si
Sob um túmulo, fechado!
 
Não houve vela, nem missa,
Nem mesmo um canto chorado!
Apenas o esquecimento
Sobre o espírito calado...
 
E ele não vê consolo
Algum, em não ser lembrado...
Em cada canto da casa,
Um retrato retirado!
 
E ele chora, vaga, assombra
Pelo seu morto passado
Em cada cômodo, a sombra
daquele que foi levado!
 
 
 
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Ana Bailune
Enviado por Ana Bailune em 13/03/2013
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