Gota
A gota é pequena
E, ainda é efêmera.
Escorre pela flor.
Passeia pelo abismo.
No suor do rosto,
na lágrima de desgosto,
no sangue que mancha
a camisa que esqueceu-se
da alvura
e bordou a sombra
da loucura e do perecimento.
Sofrimento
Fragmentado e inteiriço.
O silêncio das catedrais
Erguido por entre as pilastras
Abrigado sob os capitéis
Silêncio estampado
na face dos santos, na liturgia
da missa.
A pantomima
dos gestos, dos sinais
que tentam construir a
ponte entre o sagrado e o humano,
entre o divino e o pecador.
Na reverência diária de acordar.
Ver a face da manhã
sob os raios do sol,
E ver a face da lua no
Enigmático pontilhado das estrelas.
Ver, ler e enxergar...
E, encharcada de alma...
Secá-la ao vento do devaneio...
Deixar os pensamentos flanarem
Sem compromisso com a realidade...
O abstrato e o inconsciente conversam
animadamente sobre vida, morte,
finito e infinito.
E, cabe tão exatamente numa gota,
Dentro de um cristal e num diamante
Tanto quanto cabe na imensidão
da ignorância.
Vasta ignorância que nos faz pensar
que sabemos de algo.