Boneca maltrapilha
Aquelas pontadas que recebia em seu peito talvez um dia a matassem
Mas desejou que a consumisse naquele momento, para que assim possa se livrar deste sofrimento, indo para o nada, o vazio...
Era o que sentia naquele instante em volta daquele sentimento
Que misturava raiva, solidão, temor, melancolia...
Talvez assim se tornasse uma verdadeira boneca
Com uma aparência agradável, mas um oco interno jamais reposto
Não precisava ser apreciada por ninguém, por nada ou o que seja
Só precisaria ser apreciada pelo seu criador, que cultivou carinho em cada parte do seu corpo
Com toda a sua indelicadeza que se tornavam gestos bons e simples aos olhos apaixonados daquela boneca
Que se rachava, quebrava por dentro, virava um defeito.
Tornou-se maltrapilha depois de segundos após o acontecido
Largando seu próprio orgulho de primeira mão, largando seu amor próprio, largando...
Ela não conseguia largar aquele sentimento
Que estava encravado em sua pele macia, que estava solto em seu corpo, como seus longos cabelos, que o cobriam naquela hora, naquela horrenda hora.
Seus olhos grandes que exalavam um brilho esplêndido agora se tornou vazio, seco, frio.
Ela pedia socorro por dentro, mas ninguém poderia escutar suas preces, muito menos concertar aquelas rachaduras que desmoronavam a sua estrutura
Maldito não é o seu ex dono, tola não é a boneca, malditas são as expectativas e os que as fazem ir pro desespero, tornando elas inúteis após um tempo, o tempo que a própria vida entrega e tira, o tempo em que os pensamentos começam a predominar e o carinho se vai e suas mãos ficam gélidas, e suas promessas vazias e seu pranto mudo.