E quem mais?
E quem mais, senão eu, a sentir o frio das horas vazias,
o amanhecer oriundo de outra noite perdida entre esperas,
o enternecer da saudade das coisas que nunca vivi?
E quem mais, senão eu, no esquecimento das memórias,
no vago afã dos desesperos, entre tantos destemperos,
almejando viveres distantes de tudo aquilo o que senti?
E quem mais, senão eu, fechando as cortinas para o sol,
esvaziando cinzeiros sujos, com o cigarro entre os dedos,
a fumaça enchendo o ar, enquanto esvazio o que perdi?