A Mais Longa Das Noites
Contemplando a minha misantropia
Deparo-me com velhas lembranças
Memórias da felicidade que, um dia,
Esmaeceu, como minhas esperanças
Uma vela e sua luz bruxuleante
Metaforizam a minha existência
Lampejos alegres e, num instante,
Reduzida a nada, sem resistência
Procuro um livro para distração
Mas parece que nada pode expelir
O ódio acumulado em meu coração
E a dor que escondo ao sorrir
Mas nada alivia, neste meu quarto,
Nada preenche o vazio que existe
Desta terrível solidão estou farto
Ergo, estou farto de viver triste
Às vezes acho que o pesar é eterno
Que nem mesmo a morte me salvaria
Mas como, se eu pertenço ao inferno
E devo, portanto, retornar um dia?
Sinceramente, o inferno a mim veio
Quando você entrou em minha vida
E, ao partir, você deixou, receio,
Em mim, um demônio para cada ferida
Sua ida descoloriu todo meu mundo
Meu arco-íris hoje está desfeito
Dentro de mim, um lodaçal imundo,
Meu pobre coração se afoga no peito
Onde encontrar algo que convença
Meu coração a suportar este peso
Se apenas nela o pobre coitado pensa
Mas do contato dela, não saiu ileso?
Pobre tolo que em meu peito palpita
Veja a imensa escuridão ao nosso redor
E veja a maravilhosa vida tão bonita
Da qual abdicamos, escolhendo o pior?
Isso não pode, jamais, ser perdoado!
Coração tolo, veja o que fez comigo!
Por sua causa fiquei triste, abandonado
E ser feliz em momento nenhum eu consigo!
Vejo que a noite aos poucos se dissipa
Chega a luz do dia nos meus aposentos
Então, toda a escuridão a luz extirpa
Queria que cessassem os meus sofrimentos
Vagarosamente, cada ser vivo acorda
O dia já chegou e eu permaneço vivo
Determinado, encontro no nó de uma corda
O fim, a tranquilidade, a paz, o alívio