A Mais Longa Das Noites

Contemplando a minha misantropia

Deparo-me com velhas lembranças

Memórias da felicidade que, um dia,

Esmaeceu, como minhas esperanças

Uma vela e sua luz bruxuleante

Metaforizam a minha existência

Lampejos alegres e, num instante,

Reduzida a nada, sem resistência

Procuro um livro para distração

Mas parece que nada pode expelir

O ódio acumulado em meu coração

E a dor que escondo ao sorrir

Mas nada alivia, neste meu quarto,

Nada preenche o vazio que existe

Desta terrível solidão estou farto

Ergo, estou farto de viver triste

Às vezes acho que o pesar é eterno

Que nem mesmo a morte me salvaria

Mas como, se eu pertenço ao inferno

E devo, portanto, retornar um dia?

Sinceramente, o inferno a mim veio

Quando você entrou em minha vida

E, ao partir, você deixou, receio,

Em mim, um demônio para cada ferida

Sua ida descoloriu todo meu mundo

Meu arco-íris hoje está desfeito

Dentro de mim, um lodaçal imundo,

Meu pobre coração se afoga no peito

Onde encontrar algo que convença

Meu coração a suportar este peso

Se apenas nela o pobre coitado pensa

Mas do contato dela, não saiu ileso?

Pobre tolo que em meu peito palpita

Veja a imensa escuridão ao nosso redor

E veja a maravilhosa vida tão bonita

Da qual abdicamos, escolhendo o pior?

Isso não pode, jamais, ser perdoado!

Coração tolo, veja o que fez comigo!

Por sua causa fiquei triste, abandonado

E ser feliz em momento nenhum eu consigo!

Vejo que a noite aos poucos se dissipa

Chega a luz do dia nos meus aposentos

Então, toda a escuridão a luz extirpa

Queria que cessassem os meus sofrimentos

Vagarosamente, cada ser vivo acorda

O dia já chegou e eu permaneço vivo

Determinado, encontro no nó de uma corda

O fim, a tranquilidade, a paz, o alívio

Edimar Silva
Enviado por Edimar Silva em 05/03/2013
Reeditado em 23/07/2016
Código do texto: T4172255
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