FINITUDE
Vejo o tempo sugando-te as forças
Busco- te no ontem, na janela fechada
O jovem amante das madrugadas
Ficou na memória das noites passadas!
Nessa poltrona em que descansas a vida
O peso das horas, da angústia que guardas
Dentro de ti as comportas fechadas
Represaste as lágrimas de furiosa enxurrada.
Hoje não cantas nem assobias
Nada te encanta, ruiu melodia...
O sono é maior que a tua vontade
Vilão dos desejos que tiveste um dia.
Nos olhos o filme já gasto e rodado
Na tela dos anos há tantos passados...
As lágrimas que deixo agora cair
Têm o sabor das palavras que eu não ouvi
Te amei... te sonhei... contigo vivi
Mas entender-te eu nunca... eu nunca entendi!
Juntos... tão perto... mas que distância imensa
Nos aparta as horas em que estamos a sós
Não te encontro à mesa, nem no meu travesseiro
Tão longe a essência do amor deixou o cheiro
E a palavra muda, calou- nos a voz!